Política

Brasileiros cobram de Alexandre de Moraes o mesmo rigor com sua esposa que ele aplica aos seus “alvos de Justiça”

Questionamentos sobre a advocacia de esposa de Alexandre de Moraes em processos no Supremo expõem discussão ética e institucional, em meio ao desgaste da imagem do Judiciário e à cobrança por mais transparência

25/12/2025 às 14:06 por Redação Plox

A atuação firme do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou ao centro do debate público após reportagens jornalísticas levantarem questionamentos sobre a atuação profissional de sua esposa no próprio tribunal. Nas redes sociais e em análises políticas, cresce a cobrança para que o mesmo padrão de rigor defendido pelo ministro em decisões envolvendo terceiros seja aplicado — ao menos no plano ético e institucional — quando o tema envolve seu círculo familiar.

Presidente Lula, sua esposa Janja, a esposa do ministro e o ministro Alexandre de Moraes

Presidente Lula, sua esposa Janja, a esposa do ministro e o ministro Alexandre de Moraes

Foto: Presidência da República

O que dizem as reportagens

Reportagens publicadas por veículos de grande circulação noticiaram que a esposa do ministro atua como advogada em processos que tramitam no STF. O ponto central destacado pelos jornalistas não é a ilegalidade automática — já que não há vedação legal para que parentes de ministros advoguem na Corte —, mas o potencial conflito de interesses e a necessidade de observância estrita das regras de impedimento e suspeição.

O próprio STF prevê que ministros não podem julgar processos em que parentes atuem. Em tais situações, o magistrado deve se declarar impedido, cabendo aos demais ministros avaliar eventuais suspeições conforme o caso. Especialistas em direito constitucional ouvidos pela imprensa ressaltam que o debate é institucional e ético, não criminal.

Repercussão entre jornalistas e analistas políticos

O tema foi explorado por colunistas e repórteres de diferentes linhas editoriais. Folha de S.Paulo e O Globo publicaram análises contextualizando a discussão dentro de um cenário mais amplo de desgaste da imagem do Judiciário. Comentários também apareceram em programas e colunas de veículos como Estadão, CNN Brasil e Jovem Pan News, com enfoques que variam do jurídico ao político.

Em linhas gerais, os analistas convergem em um ponto: transparência e coerência institucional são fundamentais para preservar a confiança pública, especialmente em um momento de forte polarização política e de decisões judiciais com grande impacto social.

O que diz Alexandre de Moraes

O ministro nega qualquer irregularidade. Em manifestações anteriores sobre temas semelhantes, Moraes sustentou que sempre se declara impedido quando há envolvimento direto de familiares e que as regras internas do STF são rigorosamente seguidas. Até o momento, não há decisão judicial que aponte ilegalidade na atuação profissional de sua esposa.

O debate que permanece

Aqui está o ponto cego que muitos ignoram: legalidade não esgota a discussão. A cobrança que parte da sociedade faz não é apenas jurídica, mas simbólica e institucional. Um Judiciário que exige padrões elevados de conduta de investigados e réus precisa demonstrar, com igual clareza, que seus próprios membros e familiares estão submetidos a filtros éticos igualmente robustos.

A oportunidade perdida até agora é outra: o STF poderia liderar o debate com regras mais transparentes de disclosure, publicando de forma acessível impedimentos, suspeições e vínculos profissionais relevantes. Isso reduziria ruído político e fortaleceria a legitimidade da Corte — algo que interessa ao próprio tribunal.

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