A jornalista Renata Mendonça, da Globo, foi alvo de ataques do presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, após fazer críticas à estrutura oferecida pelo clube ao futebol feminino. Em parceria com o portal Dibradoras, ela publicou um vídeo que expôs falhas graves na infraestrutura destinada às jogadoras, gerando ampla repercussão e indignação nas redes sociais.

No material, Renata mostra um vestiário em condições precárias, com piso quebrado, presença de lodo e sinais evidentes de abandono. A identificação do espaço é improvisada, feita apenas com uma folha de papel A4, enquanto uma lixeira é posicionada na entrada para impedir o acesso de terceiros.

Outro ponto destacado pela jornalista é a situação da pia do vestiário. Ao ser ligada, a torneira libera água marrom, com aspecto barrento, o que levanta dúvidas sobre as condições sanitárias às quais as atletas estão submetidas.

Campo reduzido e espaço dividido com lixo

O campo de treino do time feminino também foi alvo de críticas. De acordo com o vídeo, as jogadoras utilizam um gramado de 54 metros de largura por 85 metros de comprimento, cerca de 20 metros menor do que as dimensões oficiais. Além disso, o espaço é compartilhado com sacos de lixo, reforçando a sensação de descaso com a modalidade.

A reportagem ainda chama atenção para a falta de instalações adequadas para preparação física e recuperação das atletas. Não há uma academia exclusiva para o elenco feminino, e o atendimento de fisioterapia é feito de forma improvisada, em cima de um bar, evidenciando a ausência de uma estrutura profissional mínima.

Presidente do Flamengo reage e ataca jornalista

As críticas de Renata Mendonça foram comentadas por Bap durante uma apresentação das finanças do Flamengo, realizada nesta terça-feira (23/12). Ao falar sobre a postura da jornalista, o dirigente recorreu a ataques pessoais e questionou o papel da emissora na construção do cenário do futebol feminino.

Tem lá a nariguda da Globo que fica falando mal da gente e tudo mais, do futebol, que não estimula (o futebol feminino). Dá vontade de falar: ‘filha, convence a sua empresa a botar R$ 10 milhões por ano, R$ 20 milhões por ano em direitos de transmissão que aí a coisa fica melhor’

Luiz Eduardo Baptista, presidente do Flamengo

Na sequência, Bap voltou a rebater as cobranças por mais investimento do clube no futebol feminino e trouxe para o debate a divisão das receitas de transmissão. Ele afirmou que é o clube que precisa arcar com os custos da modalidade e criticou os valores pagos pelos direitos do Campeonato Brasileiro, apontando que o montante ficaria concentrado na emissora.

Ao projetar números em um telão, o dirigente questionou se é justo que, segundo ele, “o dinheiro da transmissão fique todo com a Globo”, argumentando que essa parte da discussão não seria mencionada pelas críticas dirigidas ao Flamengo.