Em 2025, Minas Gerais se prepara para uma nova onda de concessões rodoviárias, que podem adicionar quase 3.000 km de estradas sob gestão privada. O governo estadual pretende licitar cinco lotes, mais que dobrando as rodovias estaduais concedidas, que passariam dos atuais 2.350 km para 5.147 km. Paralelamente, a União planeja relicitar a BR-040, com foco no trecho entre Juiz de Fora (Zona da Mata) e o Rio de Janeiro, abrangendo 55 km no território mineiro.
Caso os leilões sejam bem-sucedidos, o investimento total estimado para esses projetos, ao longo de 30 anos, pode alcançar R$ 38 bilhões.
Destaque para os trechos estaduais críticos
Entre as rodovias estaduais previstas para concessão, a BR-356, que liga Nova Lima a Mariana, é um destaque por sua criticidade. Com grande fluxo de veículos pesados e características sinuosas, a rodovia registrou 509 acidentes e sete mortes entre janeiro e novembro de 2024, segundo o Observatório de Segurança Pública.
O plano para a BR-356 inclui a duplicação de 67 km e a construção de 39,7 km de faixas adicionais. O governo estadual destinará R$ 2 bilhões, provenientes do acordo de repactuação relacionado ao rompimento da barragem da Samarco, enquanto a concessionária vencedora deverá investir R$ 3 bilhões. Esse lote ainda abrange trechos da MG-262 e MG-329.
Cenário federal: sucessos e desafios
Em 2024, Minas liderou as concessões de rodovias federais promovidas pela União. Foram leiloados trechos importantes, como a BR-381 (Belo Horizonte/Governador Valadares), a BR-262 (Betim/Uberaba) e dois lotes da BR-040 (Belo Horizonte/Juiz de Fora e Belo Horizonte/Cristalina). Contudo, nem todas as obras começaram, já que a documentação de alguns contratos ainda precisa ser concluída.
Historicamente, essas concessões enfrentaram dificuldades, como desistências de vencedores em leilões anteriores. A BR-381, por exemplo, finalmente teve um contrato assinado em janeiro de 2025, após sucessivos pregões fracassados desde 2014.
Visões de especialistas e críticas políticas
Especialistas veem os novos projetos como um avanço. Márcio Aguiar, engenheiro especializado em transporte, enfatiza a necessidade de monitoramento rigoroso para garantir o cumprimento dos contratos e a qualidade das obras. "É fundamental haver fiscalização rigorosa para que todos os itens dos contratos sejam cumpridos", afirmou.
Outro especialista, Silvestre Andrade, destaca que Minas demorou a avançar no modelo de concessões, enquanto Estados como São Paulo já possuem uma malha rodoviária amplamente privatizada. “Agora, estamos vendo Minas sair disso. A consequência vai ser uma mobilização da malha viária, com grande movimentação de obras”, analisou.
Entretanto, o modelo também é alvo de críticas. O deputado Leleco Pimentel (PT), vice-líder da oposição ao governo Zema na Assembleia Legislativa, posicionou-se contra as concessões. Ele defende ajustes nos prazos e rejeita o modelo de privatizações, incluindo as promovidas pelo governo federal.
Cenário atual das rodovias mineiras
Minas Gerais é o Estado com mais pontos críticos em rodovias pavimentadas, com 338 trechos em um total de 15,5 mil km avaliados, segundo a Pesquisa CNT de Rodovias de 2024. Atualmente, 2.422 km de rodovias federais no Estado estão sob concessão, distribuídos entre empresas como Fernão Dias, Eco050 e Ecovias Cerrado.
Os leilões de 2024 já garantiram a concessão de trechos importantes:
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