Internado há mais de dez dias no hospital DF Star, em Brasília, Jair Bolsonaro (PL) tem utilizado sua condição de saúde como ferramenta de mobilização política. Através de publicações nas redes sociais, o ex-presidente mostra-se seminu, expondo sondas, drenos e hematomas, revelando também uma extensa cicatriz no abdômen.
Pesquisadores afirmam que essa exposição reforça a estética do grotesco, presente durante seu governo, e agora busca reunir novamente a base da direita, mesmo após a declaração de inelegibilidade até 2030 pela Justiça Eleitoral. Segundo Giselle Beiguelman, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a intenção de Bolsonaro é emocionar seus seguidores, uma estratégia necessária diante do surgimento de outros nomes de peso para a disputa presidencial de 2026, como Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado.
"Ele tranquiliza a militância sobre sua capacidade de liderança", afirma Beiguelman
Desde a cirurgia de desobstrução intestinal realizada no dia 13 de abril, Bolsonaro já acumulou mais de 20 postagens relacionadas à internação em seu perfil no Instagram. Apesar de boletins médicos recentes indicarem instabilidades, como elevação da pressão arterial e alterações hepáticas, o ex-presidente mantém-se ativo nas redes, sem previsão de alta hospitalar.
Esta não é a primeira vez que Bolsonaro utiliza uma internação para se comunicar politicamente. Em 2021, durante a CPI da Covid, uma foto sua no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, sem camisa e com fios de monitoramento, tornou-se emblemática. Agora, em meio à nova crise, Bolsonaro chegou a gravar um vídeo criticando o ministro do STF Alexandre de Moraes, comparando os oficiais de justiça aos agentes dos tribunais do regime nazista.
"As imagens o colocam como homem comum, próximo da militância, alguém sujeito a sentimentos complexos\
Em uma das legendas recentes no Instagram, Bolsonaro resumiu o espírito de sua estratégia: "Vamos superar mais esse desafio, um dia de cada vez. Muito obrigado pelo carinho, pela compreensão e pelas orações."