Polícia

Médico influencer com 750 mil seguidores é alvo da PF por fabricar Mounjaro de forma ilegal

Operação Slim mira o médico Gabriel Almeida e grupo suspeito de produzir e vender, sem autorização e controle sanitário, versões manipuladas de Mounjaro (Tirzepatida) em quatro estados; defesa nega envolvimento e fala em disputa de patente

27/11/2025 às 16:43 por Redação Plox

Com quase 750 mil seguidores nas redes sociais, o médico Gabriel Almeida foi alvo, nesta quinta-feira (27), de uma operação da Polícia Federal suspeito de integrar um grupo acusado de fabricar ilegalmente o medicamento para emagrecimento Mounjaro (Tirzepatida).

Gabriela Almeida durante participação no programa Alô Alô Bahia

Gabriela Almeida durante participação no programa Alô Alô Bahia

Foto: Reprodução / Redes Sociais

De acordo com a PF, ele seria o principal articulador de uma quadrilha formada por profissionais de saúde, clínicas e laboratórios que produziam o remédio sem autorização dos órgãos competentes.

Nascido na Bahia, Almeida mantém consultório no bairro do Jardim Europa, área nobre da cidade de São Paulo.

A defesa sustenta que o médico apenas prescreve medicamentos, sem qualquer envolvimento com fabricação. Em nota, afirma que a acusação é "tecnicamente impossível" e que ele sempre atuou de forma transparente, repudiando o que classifica como “julgamento midiático” prematuro.

Médico amplia atuação com clínica em área nobre e presença digital

O consultório Núcleo GA (Gabriel Almeida) funciona na Avenida Brasil, região de mansões próxima ao Parque Ibirapuera, na Zona Sul da capital paulista. A clínica também possui unidades em Salvador (BA), Petrolina (PE) e Feira de Santana (BA).

Além de médico, Almeida é palestrante e escritor, com uma série de livros sobre emagrecimento publicados nos últimos anos.

Operação Slim apura manipulação de Tirzepatida

Segundo os investigadores da “Operação Slim”, os suspeitos manipulavam o princípio ativo do Mounjaro sem o pagamento de patente e em desacordo com normas sanitárias.

A PF aponta que Gabriel Almeida oferecia, em suas redes sociais, o produto e o tratamento para emagrecimento como se se tratasse de uma atividade regularizada.

As investigações indicam ainda que o material era comercializado sem controles mínimos de qualidade, esterilidade ou rastreabilidade, o que aumentaria o risco sanitário para os consumidores.

A apuração, que durou cerca de um ano, teve início a partir de uma denúncia da fabricante detentora da patente.

No total, a operação cumpre 24 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.

O que diz a defesa de Gabriel Almeida

Em nota, a defesa de Gabriel Almeida afirma que ele não tem qualquer participação na produção de medicamentos e atua apenas como prescritor, destacando seu trabalho como médico, escritor e palestrante.

O Dr. Gabriel Almeida é médico, escritor e palestrante. Ele não fabrica, não manipula e não rotula qualquer espécie de medicamento. A acusação de que ele seria responsável pela produção de fármacos é fática e tecnicamente impossível, visto que sua atuação profissional se restringe, exclusivamente, à medicina clínica e à docência.

Defesa de Gabriel Almeida

Segundo a defesa, a relação de Almeida com a Tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro, é apenas científica e acadêmica, baseada em estudos internacionais. A nota sustenta que ele não faz propaganda de produtos ilegais, mas promove debate técnico sobre medicação de referência e possibilidades da medicina personalizada, como manipulados, sempre pautado na literatura médica.

Os advogados afirmam que a investigação não trata de falsificação ou adulteração de medicamentos, mas de uma discussão jurídica sobre patente e direitos de propriedade intelectual, sem relação direta com a saúde pública.

A nota cita que a manipulação da Tirzepatida estaria em conformidade com a Nota Técnica 200/2025/SEI/GIMED/GGFIS/DIRE4/ANVISA e com o art. 43, III, da Lei 9.279/96, classificando a atividade como autorizada, legal e administrativamente regular.

A defesa reforça que o papel do médico é diagnosticar e prescrever, cabendo ao paciente escolher onde comprar o medicamento e aos órgãos de fiscalização monitorar laboratórios e farmácias. Atribuir a Almeida supostas irregularidades de terceiros seria, segundo a nota, uma violação da lógica jurídica e da responsabilidade individual.

Os advogados dizem que o médico recebeu com surpresa as medidas cautelares, afirmando que sua conduta sempre foi pública e transparente, com endereço fixo e atividade lícita reconhecida. Ele teria se colocado à disposição para colaborar com a PF e com a Justiça, confiante de que, ao fim das investigações, sua inocência será comprovada.

A defesa informa ainda que Almeida entregou voluntariamente celulares e computadores à PF para perícia técnica e que a operação se limitou ao cumprimento de mandado de busca e apreensão, sem qualquer restrição à sua liberdade.

Por fim, os representantes do médico lamentam o que chamam de julgamento midiático antecipado e reiteram que a medicina praticada por Almeida tem como foco a saúde e o bem-estar de seus pacientes.

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