Direita mobiliza ato por anistia enquanto Congresso esfria debate

Com o cenário político em ebulição, a direita decidiu voltar às ruas e convocou seus apoiadores para uma manifestação marcada para o dia 7 de outubro, na Catedral de Brasília. A mobilização tem como objetivo pressionar o Congresso Nacional para aprovar um projeto de anistia que possa beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado no início de setembro a 27 anos e 3 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Foto: Agência Brasil

Nas redes sociais, a movimentação ganhou força a partir da sexta-feira, 26 de setembro. Figuras proeminentes do bolsonarismo, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-SP), engrossaram o coro em defesa do perdão criminal. Apesar disso, o clima no Congresso não é favorável à pauta.

A proposta de anistia, que teve impulso inicial após a condenação de Bolsonaro, perdeu força nas articulações políticas. O apoio do centrão, essencial para o avanço da medida, começou a rarear, e a base governista também resiste à ideia de um perdão amplo, geral e irrestrito.

No dia 17 de setembro, a Câmara aprovou o regime de urgência para a tramitação do projeto, o que permitiria a votação direta no plenário, sem passar por comissões. Porém, o conteúdo do texto que está sendo elaborado não agrada nem à direita nem à base governista.

A escolha do deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator da proposta gerou insatisfação entre os bolsonaristas. Além de ser um nome fora do núcleo da direita, Paulinho já sinalizou que não pretende propor uma anistia total.

Nos últimos dias, Paulinho se reuniu com diferentes bancadas da Câmara para colher sugestões ao esboço do seu relatório. Apesar disso, o texto preliminar não encontrou eco nem entre os aliados de Bolsonaro nem entre os parlamentares mais próximos ao governo.

Outro fator que tem travado o avanço da pauta é o recente atrito entre os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A falta de entendimento entre as duas Casas legislativas vem sendo vista como um obstáculo direto à tramitação do projeto, já que há um entendimento de que a votação só ocorrerá quando houver consenso entre ambas as lideranças.

Enquanto isso, o bolsonarismo busca nas ruas a força que parece faltar nos corredores do Congresso. A manifestação marcada para outubro tenta retomar o protagonismo da base militante e reaquecer o debate em torno de uma pauta que, até pouco tempo atrás, era prioridade absoluta entre os apoiadores do ex-presidente.