Política

Bolsonaro recorre ao STF para tentar reverter condenação de 27 anos

Defesa alega cerceamento, uso de delação contestada e pede revisão de sentença por participação nos atos de 8 de janeiro

28/10/2025 às 07:35 por Redação Plox

O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a condenação pelos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando foi apontado como responsável por atos golpistas. Os advogados argumentam que houve cerceamento de defesa, uso de uma delação considerada “viciada e contraditória” do tenente-coronel Mauro Cid e erro jurídico na aplicação das penas.

Bolsonaro apela ao STF na tentativa de reverter sua condenação de 27 anos

Bolsonaro apela ao STF na tentativa de reverter sua condenação de 27 anos

Foto: Reprodução

Pontos centrais do recurso de Bolsonaro

O recurso, apresentado sob a forma de embargos de declaração, aponta que o julgamento privou a defesa do tempo necessário para análise das provas – um acervo superior a 70 terabytes – e menciona negativas de adiamento das audiências por parte do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo. De acordo com os advogados, essas decisões prejudicaram o direito de defesa e a paridade de armas no julgamento.

A defesa também solicita a redução da pena de 27 anos e 3 meses, sustentando que os crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito representam o mesmo conjunto de fatos e não deveriam resultar em punição dupla.

Se há unidade de desígnio e encadeamento único de condutas, a tentativa de golpe de Estado é mero meio normal de execução da abolição violenta da ordem democrática. É, portanto, contraditório que o acórdão reconheça — simultaneamente — a unidade de projeto criminoso ('projeto autoritário de poder', 'sequência de ações executórias') e, ainda assim, conclua pela autonomia dos tipos – Defesa de Jair Bolsonaro

Delação e provas questionadas

A equipe jurídica de Bolsonaro critica a delação de Mauro Cid, considerada pela defesa como “sem credibilidade”, alegando falta de lógica e provas no depoimento usado como fundamento central da condenação. Segundo os advogados, o áudio citado nos autos não comprovaria a participação do ex-presidente como apontado.

Detalhes da condenação

A Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro por maioria por cinco crimes: golpe de Estado, tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A decisão ocorreu em setembro, confirmando a liderança de Bolsonaro em uma organização criada para mantê-lo no poder após a derrota nas urnas.

Próximos passos no STF

O Supremo Tribunal Federal não possui prazo específico para julgar os embargos de declaração. O recurso será encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que pode pedir manifestação da Procuradoria-Geral da República antes do julgamento. Existe a possibilidade de novo embargo pela defesa após esta etapa, mas o entendimento atual do Supremo prevê que recursos protelatórios podem levar à execução imediata da pena.

No STF, a expectativa é de que os recursos sejam analisados até o fim do ano, o que pode dar início ao cumprimento da sentença.

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