Saúde

Anvisa define composição das vacinas da gripe em 2026

Em alinhamento com a OMS, agência confirma cepas que irão compor vacinas trivalentes, tetravalentes e não baseadas em ovos a partir de fevereiro de 2026, e mantém tetravalentes até o fim do ano para evitar desabastecimento

28/11/2025 às 08:12 por Redação Plox

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu quais vírus da influenza vão compor as vacinas da gripe que serão usadas no Brasil em 2026. A decisão, publicada nesta quinta-feira (27) e alinhada às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualiza as cepas que serão utilizadas na formulação dos imunizantes distribuídos tanto no SUS quanto na rede privada.

A atualização anual é considerada essencial para manter a proteção da população. O vírus da gripe passa por mutações frequentes e pode mudar de um período para outro. Por isso, a OMS monitora continuamente quais subtipos circulam com mais força no mundo e indica aos países quais cepas devem ser incluídas nas vacinas a cada ano.


Macapá oferece vacina contra influenza para públicos prioritários

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Foto: Ministério da Saúde/divulgação

Quais cepas estarão nas vacinas da gripe em 2026

A composição definida para 2026 vale para doses destinadas ao Hemisfério Sul, ou seja, para as vacinas que começam a ser aplicadas no Brasil a partir de 1º de fevereiro de 2026. As formulações serão as seguintes:

Vacinas trivalentes (3 cepas)

A/Missouri/11/2025 (H1N1)pdm09
A/Singapore/GP20238/2024 (H3N2)
B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria)

Vacinas quadrivalentes (4 cepas)

As três cepas acima
B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata)

Vacinas não baseadas em ovos

A/Missouri/11/2025 (H1N1)pdm09
A/Sydney/1359/2024 (H3N2)
B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria)

Todas as vacinas destinadas ao Hemisfério Sul deverão trazer no rótulo a indicação: “CEPAS 2026 HEMISFÉRIO SUL”.

O que muda para quem vai tomar a vacina da gripe

A nomenclatura técnica pode parecer distante, mas define diretamente qual será o nível de proteção oferecido pela vacina à população.

Trivalente x tetravalente

Trivalente: protege contra três tipos de influenza — dois vírus A (H1N1 e H3N2) e um vírus B.
Tetravalente: inclui uma quarta cepa, da linhagem B/Yamagata, oferecendo uma cobertura um pouco mais ampla.

Na prática, a vacina tetravalente tem potencial de proteção ligeiramente maior, mas essa diferença só se torna relevante se a linhagem B/Yamagata estiver em circulação — algo que não é observado desde 2020.

Por que a OMS recomenda o fim das vacinas tetravalentes

Com o desaparecimento da linhagem Yamagata em praticamente todo o planeta, a OMS passou a recomendar que as vacinas quadrivalentes sejam descontinuadas a partir de 2027.

Manter a produção de um imunizante que contém uma cepa que não circula mais não é considerado tecnicamente justificável e ainda torna a fabricação mais complexa e cara.

Mesmo assim, o Brasil vai manter as vacinas tetravalentes até 2026. A Anvisa avaliou que ainda não há oferta suficiente de doses trivalentes para uma substituição completa e imediata.

Caso a mudança fosse feita de uma só vez, haveria risco de desabastecimento e de atraso no calendário da campanha de vacinação.

Diferença entre vacinas “baseadas em ovos” e “não baseadas em ovos”

As duas tecnologias se distinguem principalmente pelo método de produção:

Baseadas em ovos

Usam ovos de galinha fertilizados para que o vírus da gripe se multiplique antes de ser inativado e transformado em vacina. É uma tecnologia tradicional, segura e amplamente disponível, hoje a mais comum no mundo.

Não baseadas em ovos

Utilizam células de cultura ou técnicas recombinantes, permitindo uma produção mais rápida e independente de granjas especializadas. Podem oferecer maior precisão frente a determinadas mutações e são estratégicas para diversificar a cadeia global de produção.

Para quem recebe o imunizante, ambas as plataformas são consideradas seguras e eficazes. A diferença pesa mais para fabricantes e para o planejamento de governos.

O que muda na ida ao posto ou à clínica

Para a população, os pontos centrais são:

a vacina estará ajustada às cepas que devem circular em 2026;
a proteção contra formas graves da influenza continua elevada;
o tipo de vacina disponível (trivalente ou tetravalente) vai depender da rede (SUS ou privada) e da estratégia de transição definida pelas autoridades regulatórias.

Em outras palavras, a composição muda, mas a orientação permanece: todas as pessoas incluídas nos grupos elegíveis devem se vacinar.

Uso de vacinas do Hemisfério Norte no Brasil

Em algumas regiões do país, a sazonalidade da gripe é diferente ou há fluxos específicos de pessoas, como em áreas de fronteira. Nesses contextos, o Ministério da Saúde utiliza lotes formulados para o Hemisfério Norte.

Os rótulos dessas vacinas trarão a indicação “CEPAS 2025–2026 HEMISFÉRIO NORTE” para facilitar a identificação.

As composições aprovadas para o Hemisfério Norte são as seguintes:

Trivalentes

A/Victoria/4897/2022 (H1N1)pdm09
A/Croatia/10136RV/2023 (H3N2)
B/Austria/1359417/2021 (linhagem Victoria)

Quadrivalentes

As três cepas acima
B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata)

Não baseadas em ovos

A/Wisconsin/67/2022 (H1N1)pdm09
A/District of Columbia/27/2023 (H3N2)
B/Phuket/3073/2013 (linhagem Yamagata)

Nesses casos, os rótulos também devem conter, de forma clara, a indicação: “CEPAS 2025–2026 HEMISFÉRIO NORTE”.

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