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Educação
Transtornos mentais afastam 565 professores na região central de SP em 2025
Entre janeiro e setembro, média de dois docentes por dia deixou as salas de aula em São Carlos, Araraquara e outros 24 municípios; sobrecarga, baixos salários, contratos temporários e violência escolar são apontados como causas
28/11/2025 às 08:15por Redação Plox
28/11/2025 às 08:15
— por Redação Plox
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Transtornos mentais afastaram 565 professores da rede estadual em São Carlos, Araraquara e outros 24 municípios da região central de São Paulo entre janeiro e setembro de 2025. O número corresponde a uma média de dois afastamentos por dia por doenças como ansiedade e depressão.
Em São Paulo, 95 docentes são afastados por dia devido a problemas de saúde mental
Foto: Reprodução / EPTV.
Os dados são do Centro do Professorado Paulista, com base em registros da Diretoria de Perícias Médicas do Estado. Os casos revelam um cenário de sobrecarga de trabalho, baixa remuneração e violência nas escolas, apontados como fatores centrais para o adoecimento psíquico dos docentes.
Afastamento traz alívio imediato, mas não resolve conflitos
Uma professora da rede estadual, que preferiu não se identificar, relatou viver uma sensação ambígua ao se afastar das aulas por licença médica.
Ela descreveu que, inicialmente, o afastamento representa um alívio por alguns dias longe da rotina escolar. No entanto, ao retornar, encontra os mesmos conflitos em sala de aula e na relação com a coordenação e direção, o que faz com que os problemas se mantenham.
Outra docente, que também não quis ser identificada, relatou um ambiente marcado por frustração e desvalorização profissional. Ao revelar a profissão, conta receber reações negativas, como se o trabalho docente estivesse diretamente associado a sofrimento e desgaste.
Segundo ela, esse contexto reforça a sensação de isolamento e agrava o impacto emocional de um trabalho já marcado por conflitos internos na escola.
Dados estaduais apontam quadro de pressão generalizada
No estado de São Paulo, o problema ganha proporções ainda maiores. Entre janeiro e setembro de 2025, foram registradas 25,7 mil licenças médicas por transtornos mentais entre professores da rede estadual, o equivalente a 95 afastamentos por dia.
De acordo com o Centro do Professorado Paulista, cada licença corresponde, em média, a 35 dias longe da sala de aula, somando cerca de 912 mil dias de trabalho perdidos no período. A entidade alerta que esse volume de afastamentos pressiona o sistema educacional, eleva custos e afeta diretamente a qualidade do ensino.
Jornadas longas, baixos salários e contratos precários
Entre as principais causas apontadas para o desgaste mental dos professores estão a jornada excessiva e os baixos salários. O estado não paga o piso nacional da categoria de forma integral no vencimento básico e recorre a gratificações para complementar a remuneração.
Outro fator de pressão é a superlotação das salas de aula e a contratação considerada precária. Cerca de 50 mil docentes atuam de forma temporária na rede estadual, em vínculos instáveis, o que amplia a insegurança e o estresse no exercício da profissão.
A violência escolar, física e psicológica, também é apontada como causa recorrente de adoecimento, intensificando quadros de estresse, ansiedade e exaustão entre os profissionais.
Imagem negativa da profissão afasta novos professores
O cenário vivido nas escolas se reflete na escolha profissional dos estudantes. Uma das professoras ouvidas relatou que raramente escuta de um aluno o desejo de seguir a carreira docente, o que revela a imagem negativa associada ao magistério.
Segundo a educadora, muitos jovens veem a profissão como sinônimo de rotina dura, baixa remuneração e pouca valorização social, o que contribui para o desinteresse pela docência.
Secretaria cita programa de cuidado e novos concursos
A Secretaria Estadual da Educação informou que mantém ações permanentes de cuidado aos servidores, entre elas o programa Viva Bem, que, segundo a pasta, já realizou mais de 650 mil atendimentos psicológicos e psiquiátricos.
O órgão também destacou a realização de concurso público para a contratação de 15 mil professores do ensino fundamental e médio. Em relação ao número de alunos por sala de aula, a secretaria afirmou seguir a resolução de 2016 que regulamenta esse limite na rede estadual.
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