Saúde

OMS alerta para ressurgimento do sarampo apesar de queda de 71% nos casos globais

Relatório mostra que ampliação da cobertura vacinal evitou quase 59 milhões de mortes entre 2000 e 2024, mas surtos em 59 países e brechas na imunização ameaçam controle da doença

28/11/2025 às 10:33 por Redação Plox

Os casos globais de sarampo caíram 71%, chegando a 11 milhões entre 2000 e 2024, impulsionados pela ampliação da cobertura vacinal, de acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira (28) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o documento, a vacinação contra o sarampo evitou quase 59 milhões de mortes no mundo em 24 anos. Nesse período, o número anual de óbitos caiu cerca de 88%, para 95 mil.


Diante do surto de sarampo na Bolívia, Mato Grosso do Sul adiantou a aplicação da dose zero em bebês

Diante do surto de sarampo na Bolívia, Mato Grosso do Sul adiantou a aplicação da dose zero em bebês

Foto: Reprodução

Queda nas mortes, mas ressurgimento da doença

Apesar do impacto da imunização, o sarampo voltou a crescer no último ano. Em 2023, os casos estimados aumentaram 8% em relação aos níveis de 2019, antes da pandemia de Covid-19. As mortes relacionadas à doença, porém, recuaram 11% no mesmo intervalo.

De acordo com a OMS, essa combinação reflete a maior circulação do vírus em países de renda média, onde a taxa de mortalidade é mais baixa. O cenário expõe como o sarampo se aproveita de brechas na cobertura vacinal e na estrutura dos sistemas de saúde.

O sarampo é o vírus mais contagioso do mundo, e esses dados mostram mais uma vez como ele explorará qualquer lacuna em nossas defesas coletivas contra ele. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS

Sarampo é a primeira doença a voltar quando a vacina falha

A OMS ressalta que o sarampo costuma ser a primeira doença a ressurgir quando há queda na cobertura vacinal, evidenciando falhas em programas de imunização e na capacidade de resposta dos sistemas de saúde.

Kate O'Brien, diretora do Departamento de Imunização da organização, destacou que até oscilações pequenas na vacinação podem ter grande impacto, comparando esse efeito a um alarme que dispara ao menor sinal de perigo.

Ela também advertiu que lacunas semelhantes na imunização são "quase certamente prováveis" para outras doenças evitáveis por vacina, como difteria, coqueluche e poliomielite.

Mais países com surtos e perda de status de eliminação

Em 2024, 59 países registraram surtos grandes ou perturbadores de sarampo, quase o triplo do número observado em 2021 e o maior patamar desde o início da pandemia de Covid-19, segundo a OMS. Houve ressurgimento inclusive em nações de alta renda que já haviam eliminado a circulação endêmica do vírus.

O Canadá perdeu neste mês o status de eliminação do sarampo após não conseguir conter um surto que se estendeu por um ano. Estados Unidos e México também relataram surtos significativos em 2024, com milhares de casos e algumas mortes.

Cortes em financiamento ameaçam controle da doença

A OMS alerta que cortes profundos no financiamento da Rede Global de Laboratórios de Sarampo e Rubéola e dos programas nacionais de imunização podem ampliar as falhas de cobertura e abrir espaço para novos surtos já no próximo ano.

Segundo a agência, houve redução de atividades e a equipe de gestão foi cortada pela metade depois que seu principal doador, os Estados Unidos, anunciou a saída do financiamento em janeiro.

Cobertura vacinal ainda abaixo da meta

O relatório indica que, em 2023, 84% das crianças no mundo receberam a primeira dose da vacina contra o sarampo, proporção ainda ligeiramente inferior à observada antes da pandemia. A segunda dose chegou a 76% das crianças.

O sarampo é altamente evitável quando os países alcançam 95% de cobertura com duas doses, esquema considerado 97% eficaz contra a infecção.

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