Economia

Correios tomam empréstimo de R$ 12 bilhões para tentar conter rombo financeiro

Estatal fecha crédito garantido pela União com consórcio de cinco bancos, válido até 2040, para capital de giro e investimentos em plano de reestruturação diante de prejuízos bilionários

28/12/2025 às 11:38 por Redação Plox

Os Correios fecharam um empréstimo de R$ 12 bilhões com um consórcio de cinco bancos para reforçar o caixa da estatal e viabilizar seu plano de reestruturação financeira. O contrato foi assinado na sexta-feira (26) e teve seus termos publicados em edição extra do Diário Oficial da União neste sábado (27). O acordo prevê prazo de vigência até dezembro de 2040.

Correios firmaram empréstimo bilionário com cinco bancos para reforçar o caixa da estatal e viabilizar o plano de reestruturação financeira. (

Correios firmaram empréstimo bilionário com cinco bancos para reforçar o caixa da estatal e viabilizar o plano de reestruturação financeira. (

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)


O financiamento foi estruturado com recursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú. De acordo com o contrato, o crédito será destinado a capital de giro e a investimentos considerados estratégicos para a empresa. A operação prevê pagamento de comissão de estruturação e conta com garantia formalizada em instrumento firmado entre os Correios, os bancos credores e a União.

Empréstimo mira rombo que pode chegar a R$ 10 bilhões

A contratação integra a estratégia da estatal para enfrentar um rombo financeiro que já supera R$ 6 bilhões, podendo alcançar até R$ 10 bilhões ao fim de 2025, segundo as projeções internas. Embora o valor total do empréstimo seja de R$ 12 bilhões, os Correios terão acesso imediato limitado: apenas R$ 5,8 bilhões poderão ser movimentados nos últimos dias de 2025, com o objetivo de equilibrar as contas na virada do ano.

O custo total da operação, considerando os juros ao longo de todo o período do financiamento, é estimado em cerca de R$ 14 bilhões. Ainda assim, o Tesouro Nacional avalia que a renegociação representou um alívio financeiro para a empresa, em comparação com o desenho inicial da operação.

Governo reduz valor e encargo em relação à proposta original

O plano original previa um empréstimo de R$ 20 bilhões, com custo de 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O Ministério da Fazenda, porém, interveio e impôs um teto para os encargos financeiros da operação. O acordo final ficou em R$ 12 bilhões, a 120% do CDI.

Segundo o governo, essa revisão representa uma economia próxima de R$ 5 bilhões em juros em relação ao modelo inicialmente proposto, ao mesmo tempo em que mantém os recursos considerados essenciais para a continuidade do plano de recuperação dos Correios.

Prejuízo recorde e queda de receita agravam crise

A necessidade de socorro financeiro ganhou contornos mais graves após a divulgação dos resultados do primeiro semestre de 2025. No período, os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,4 bilhões, superando o resultado negativo de todo o ano anterior, que havia sido de R$ 2,6 bilhões.

Além do aumento do déficit, a estatal viu sua receita recuar 9,5% na comparação com o primeiro semestre de 2024, quando faturou R$ 8,9 bilhões. Ao mesmo tempo, as despesas administrativas e financeiras alcançaram R$ 13,4 bilhões, pressionando ainda mais as contas.

Mantido esse ritmo, o déficit anual da empresa pode chegar a R$ 8 bilhões. Nesse cenário, os aportes e linhas de crédito passaram a ser considerados fundamentais para manter o funcionamento básico da estatal, incluindo o pagamento de salários aos funcionários, o que evidencia a profundidade da crise enfrentada pelos Correios.

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