Política

Governo Lula deve encerrar mandato com recorde histórico de dívida pública

Endividamento supera R$ 8,5 trilhões segundo a Receita e chega a R$ 9,75 trilhões na métrica do BC; especialistas veem trajetória preocupante em meio a juros altos e pressão de gastos obrigatórios

28/12/2025 às 09:43 por Redação Plox

BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encerrar o mandato com um recorde histórico no volume da dívida pública nominal. Dados da Receita Federal mostram que, em outubro de 2025, o endividamento alcançou cerca de R$ 8,5 trilhões, o equivalente a 78,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Já o Banco Central calcula que a dívida do setor público consolidado chegou a R$ 9,75 trilhões, indicador considerado o principal termômetro de solvência das nações.

Governo Lula atinge recorde histórico da dívida pública

Governo Lula atinge recorde histórico da dívida pública

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


Especialistas avaliam que os números indicam um endividamento em trajetória preocupante, em um contexto de manutenção da taxa Selic em patamar elevado e de dificuldades do governo em promover um ajuste consistente das contas públicas. A própria equipe econômica já chegou a projetar um colapso das contas em 2027.

Arcabouço fiscal sob pressão

Entre as iniciativas adotadas para tentar conter a escalada da dívida está o chamado arcabouço fiscal, conjunto de regras para as contas públicas aprovado em 2023, em substituição ao antigo teto de gastos. Na prática, porém, o governo vem flexibilizando o novo regime ao retirar parte das despesas da meta de resultado primário, indicador que não inclui o gasto com juros.

O avanço acelerado das despesas amplia a pressão sobre a dívida. Além dos gastos obrigatórios com saúde e educação, o governo retomou a política de reajuste do salário mínimo acima da inflação, medida que provoca um “efeito cascata” sobre programas sociais e Previdência, elevando ainda mais a despesa primária.

Relatório do Instituto Fiscal Independente (IFI), ligado ao Senado Federal, alerta para o impacto do aumento das despesas obrigatórias e das dificuldades de contenção de gastos, destacando que esse movimento torna o cumprimento das metas de resultado primário do governo central mais desafiador.

Justificativas do governo para alta da dívida

O Ministério da Fazenda atribui parte do aumento do endividamento a fatores específicos, como a inclusão no orçamento do pagamento de precatórios herdados do governo anterior, a compensação financeira aos Estados pela redução do ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo em 2022, além das despesas extraordinárias com as enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado.

Impacto dos juros elevados

Para a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a política monetária tem peso central no avanço da dívida pública, diante da taxa básica de juros mantida em um dos níveis mais altos das últimas duas décadas, com quase metade do estoque da dívida atrelada à Selic de 15% ao ano.

Esses juros estratosféricos, que encarecem o crédito e limitam o crescimento, é que fazem crescer a dívida pública. Ao sugar recursos do Orçamento, os juros da dívida também comprometem a prestação de serviços públicos, os programas sociais e os investimentos do governo para o desenvolvimento do país.Gleisi Hoffmann

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