A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios bilionários no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) inicia a semana com o foco voltado para nomes centrais do esquema que abalou a Previdência Social. Nesta segunda-feira (29), dirigentes de associações e advogados envolvidos diretamente nas irregularidades começam a prestar depoimentos.
Foto: Agência Senado Segundo o senador Carlos Viana (Podemos-MG), a prioridade da comissão será ouvir os suspeitos ligados à criação de contratos fraudulentos e à estruturação de associações que teriam sido usadas como fachada para desviar verbas públicas. Os servidores públicos envolvidos no esquema serão convocados em uma etapa futura da investigação.
O primeiro nome a comparecer à comissão é Carlos Roberto, diretor-geral da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). A entidade figura entre as quatro que mais receberam recursos da Previdência e está sob suspeita de envolvimento em repasses indevidos, supostamente associados à compra de um avião por um deputado federal e ao uso irregular de emendas parlamentares.
Outro depoimento esperado é o do advogado Fernando Cavalcante, que tem ligação com o também investigado Nelson Willians. Willians já é alvo de pedido de prisão por suspeita de fuga e ocultação de patrimônio. Cavalcante também é apontado como figura central na movimentação de recursos provenientes do esquema, inclusive por meio de uma adega avaliada em R$ 7 milhões.
“Esse patrimônio precisa ser esclarecido. De onde vem o dinheiro? Dinheiro dos aposentados?”, questionou o senador Viana
A comissão pretende ouvir ainda um advogado amigo próximo tanto de Willians quanto de Mauricio Camisotti — este último, citado como um dos idealizadores da criação de associações fraudulentas, ao lado de Antônio Carlos Camilo. De acordo com as investigações, Camisotti mantém relação direta com Fernando Cavalcante, reforçando a suspeita de lavagem de dinheiro dentro do esquema.
Já na quinta-feira (2), estão programadas novas oitivas, incluindo o atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e representantes da Controladoria-Geral da União (CGU). Também será ouvido um homem que possui diversos aviões registrados em seu nome, apesar de declarar uma renda inferior a R$ 2 mil por mês. “Ele terá que explicar como assinou documentos relacionados a voos suspeitos e operações financeiras incompatíveis com seus rendimentos”, afirmou Viana.
As oitivas desta semana devem trazer avanços significativos nas investigações e colocar sob os holofotes os responsáveis diretos pelas fraudes que atingiram milhões de aposentados em todo o país.