O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolheu o delegado Osvaldo Nico Gonçalves como novo secretário da Segurança Pública de São Paulo (SSP), em substituição a Guilherme Derrite. Até então, Nico ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta.

Relator do Projeto de Lei Antifacção, o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) deixou o comando da Segurança Pública neste mês e retorna em definitivo à Câmara dos Deputados na segunda-feira, 1º de dezembro. A saída já havia sido combinada com o governador.

Conhecido como doutor Nico dentro da corporação, o delegado é um dos rostos mais familiares da polícia paulista e figura recorrente em programas de televisão. Em 2022, foi indicado pelo então governador Rodrigo Garcia (PSDB) para o cargo de delegado-geral da Polícia Civil do Estado.

Delegado de casos de grande repercussão

De perfil midiático, Nico esteve à frente de alguns dos casos policiais mais emblemáticos de São Paulo nas últimas décadas. Entre eles, o sequestro da filha e do apresentador Silvio Santos, em 2001, o episódio de racismo envolvendo o jogador de futebol Grafite, em 2005, e a prisão do ex-assessor da família Bolsonaro, Fabrício Queiroz, em 2020.

No caso mais conhecido, em 2005, após a partida entre São Paulo e Quilmes, pela Copa Libertadores da América, no estádio do Morumbi, Nico entrou em campo e deu voz de prisão ao zagueiro argentino Leandro Desábato, acusado de injúria racial contra o atacante brasileiro Grafite.

O episódio teve ampla repercussão internacional e levou o rosto do delegado, hoje com 68 anos, às capas de jornais de vários países.

Ao longo da carreira, Nico ficou marcado pela relação próxima com a imprensa. Em todas as investigações em que atuou, costumava atender jornalistas e prestar esclarecimentos sobre os casos, ajudando a abrir espaço para que outros delegados, tradicionalmente resistentes a entrevistas, também passassem a falar publicamente. Ele também era presença frequente em eventos sociais ao lado de apresentadores e artistas.

Da porta do distrito policial ao comando da SSP

O delegado da Polícia Civil Osvaldo Nico ingressou na corporação em 1979, como investigador. Antes de ser indicado delegado-geral, comandava desde 2019 o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE).

Em entrevistas, ele já relatou que a ligação com a Polícia Civil começou na infância, quando trabalhava como engraxate na porta do 17º Distrito Policial do Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. Na época, recebia incentivo do então delegado-titular, Aldo Galiano, que atuou por 32 anos na corporação.

Ao longo da trajetória, Nico passou pelo comando do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), do Grupo Armado de Repressão a Roubos (GARRA) e do Grupo Especial de Resgate (GER), ligado ao DEIC. Ele também ajudou a fundar o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil paulista.

O delegado ainda foi responsável pela Segurança de grandes eventos no país, como a visita do Papa em 2007 e a Copa do Mundo de 2014, consolidando a imagem de operador de grandes operações policiais e figura central da segurança pública em São Paulo.