Política

Cartilha do PT orienta militância digital a evitar termos como 'fascista' e 'genocida' para driblar processos

Material elaborado pela militância digital do partido sugere reformular ataques a adversários, detalha uso de vídeos e prints de parlamentares de direita e dá orientações para enfrentar notificações judiciais nas redes

30/12/2025 às 06:57 por Redação Plox

Em uma cartilha divulgada nesta segunda-feira (29) para influenciadores digitais e militantes, o Partido dos Trabalhadores (PT) orienta sua base a evitar o uso de termos como “fascista”, “corrupto” e “genocida” para se referir a adversários políticos. O material foi elaborado pela militância digital da sigla com o propósito de oferecer orientação e segurança jurídica a quem atua na comunicação política nas redes.

Bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT)

Bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT)

Foto: Reprodução


Risco de processos motiva mudança de linguagem

Esses adjetivos foram amplamente utilizados por apoiadores do partido, sobretudo durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e em críticas posteriores ao ex-presidente. Agora, a recomendação é reduzir o uso dessas expressões para minimizar o risco de ações na Justiça contra militantes e influenciadores.

O manual indica que é considerado aceitável afirmar que determinado comportamento “é típico do fascismo” ou “se aproxima do fascismo”, bem como criticar a gestão da pandemia classificando-a como “genocida”, desde que em sentido político e apoiado em dados, como o número de mortes evitáveis.

Orientações jurídicas e uso de conteúdos de adversários

Segundo o partido, a elaboração da cartilha atendeu a uma demanda de influenciadores alinhados ao PT, que reuniram dúvidas e relataram experiências, inclusive envolvendo processos judiciais já enfrentados. A publicação busca servir como guia de conduta nas redes sociais.

O documento também aborda outros pontos sensíveis para a militância digital, como a possibilidade de utilizar vídeos e capturas de tela de parlamentares e influenciadores de direita para rebater acusações, estratégias para impulsionar conteúdos nas plataformas e formas de agir diante de notificações judiciais.

Complexidade da disputa com a extrema direita

Um dos influenciadores que participaram da construção do texto, o petista Henrique Lopes, avalia que a rotina de enfrentamento político nas redes exige cuidado redobrado.

A atuação diária contra a extrema direita é complexa. Eles frequentemente são os primeiros a cometer crimes virtuais e a recorrer ao assédio judicial contra quem os confronta. O manual nasce para proteger a militância e qualificar a informação.

Henrique Lopes

Alerta sobre aumento de ações judiciais

Ao fim da cartilha, o PT reforça o alerta de que processos judiciais têm se tornado cada vez mais frequentes, especialmente quando influenciadores tratam de informações relacionadas a empresários, parlamentares acusados de irregularidades ou políticos locais que controlam veículos de comunicação.

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