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Polícia
Mulher que atropelou e matou namorado e amiga enviou outras mensagens com ameaças: 'Cortar seu pescoço' e 'vai beijar o diabo'
Geovanna Proque da Silva, de 21 anos, foi indiciada por homicídio doloso duplamente qualificado após atingir em alta velocidade a moto em que estavam Raphael Canuto da Costa e Joyce Correa da Silva, na Zona Sul de São Paulo, horas depois de enviar mensagens com ameaças e demonstrar forte ciúmes
31/12/2025 às 07:55por Redação Plox
31/12/2025 às 07:55
— por Redação Plox
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Horas antes de perseguir, atropelar e matar o namorado e a amiga dele, em São Paulo, Geovanna Proque da Silva, de 21 anos, já enviava mensagens com ameaças por WhatsApp a pessoas que estavam em uma festa na casa de Raphael Canuto da Costa, também de 21 anos. Esses textos, obtidos pela polícia, foram incluídos no inquérito que apura o caso.
Presas de forma preventiva, a estudante de medicina veterinária é investigada pelas mortes de Raphael e de Joyce Correa da Silva, de 19 anos. Segundo a Polícia Civil de São Paulo, ela teria agido por ciúmes do namorado, com intenção de matar.
Geovanna enviou mensagens com ameaças cerca de 5 horas antes de atropelar e matar namorado e amiga dele.
Foto: Divulgação / Polícia Civil.
O atropelamento ocorreu por volta das 3h do último domingo (28), na Rua Professor Leitão da Cunha, no Parque Regina, Zona Sul da capital. Imagens de câmeras de segurança mostram o carro dirigido por Geovanna atingindo a traseira da moto em que estavam Raphael e Joyce. Ambos morreram na hora.
Mensagens de ameaça antes do atropelamento
De acordo com testemunhas, por volta das 20h de sábado (27), Geovanna participava de um churrasco na casa de Raphael, mas saiu de carro dizendo que iria fazer as unhas. Cerca de duas horas depois, passou a mandar mensagens de texto a pessoas que continuavam na festa, exigindo que retirassem do local mulheres que ela não conhecia.
Em uma das mensagens, segundo o inquérito, ela escreveu a uma pessoa que estava na casa: “Se eu for aí essa faca de picanha vai cortar seu pescoço”. Testemunhas relataram à polícia que a ameaça era dirigida a Raphael, que não atendia às ligações nem respondia às mensagens da namorada.
Em outra conversa por WhatsApp, encaminhada a Raphael de acordo com os depoimentos, Geovanna reclamou da falta de resposta e questionou se estava sendo rejeitada. Em seguida, enviou nova mensagem, na qual escreveu que ele iria “vai beijar o diabo” e afirmou estar com raiva.
Raphael trabalhava como gerente em uma churrascaria. Amigos do casal disseram à polícia que ele e Geovanna se conheciam havia mais de um ano, mas estavam oficialmente namorando havia cerca de um mês.
Discussão na porta da casa e perseguição
As mensagens de ameaça continuaram já na madrugada de domingo, depois das 2h, mesmo após pessoas na festa afirmarem a Geovanna que as mulheres presentes eram amigas de Raphael e não tinham envolvimento amoroso com ele. Em um dos textos, ela ordenou que fossem retiradas do local “por bem ou por mal” e disse que, se isso não acontecesse, iria até lá “quebrar ele e tudo que tem aí”.
Em depoimento, a médica Gabrielle Schneid de Pinho, madrasta de Geovanna, relatou que foi acordada pela enteada e concordou em acompanhá-la de carro até a casa de Raphael porque a jovem desconfiava que havia mulheres na festa. Ao chegarem ao imóvel, segundo ela, houve uma discussão, e Raphael segurou a namorada para impedir que ela entrasse.
No 37º Distrito Policial, no Campo Limpo, a médica afirmou que aceitou ir junto por preocupação e porque queria cuidar da enteada. Ainda segundo o depoimento, Geovanna fazia tratamento com medicamentos para transtornos psiquiátricos, incluindo depressão e bipolaridade, e o relacionamento com Raphael era marcado por ciúmes e suspeitas de traição.
Após a discussão, Gabrielle contou que as duas deixaram o local de carro. Raphael, porém, saiu de moto e passou a segui-las. Investigadores apuraram que ele parou em uma adega próxima e deu carona a Joyce. Ao ver o namorado pilotando a moto com a jovem na garupa, Geovanna decidiu persegui-los.
Impacto, mortes e feridos
Imagens de segurança mostram o carro de Geovanna acelerando atrás da moto até atingir a traseira do veículo em alta velocidade. Raphael pilotava a motocicleta e Joyce estava na garupa. A força do impacto lançou os dois a cerca de 30 metros. Eles morreram no local, próximo à churrascaria onde Raphael trabalhava.
Depois da colisão com a moto, o carro ainda atropelou um pedestre, que ficou ferido, e bateu em dois outros veículos. Moradores se aproximaram e, segundo o depoimento de Gabrielle, houve tumulto e ameaças de agressão contra a motorista.
A madrasta contou que Geovanna foi retirada do carro por uma pessoa, mas acabou agredida por outra, que atirou um chinelo em sua direção, enquanto um homem dizia que ela “devia ser fuzilada”. Ela afirmou ter ficado com medo de linchamento e, por isso, não tentou ajudar no socorro às vítimas.
Investigação e versões apresentadas
Policiais da delegacia responsável pelo caso disseram que não veem, até o momento, participação de Gabrielle no atropelamento que matou Raphael e Joyce. Ela, no entanto, poderá ser investigada por eventual omissão de socorro.
Questionada pela reportagem sobre o caso, a médica informou que não faria manifestações naquele momento e orientou que o contato fosse feito com sua defesa, que não respondeu.
Após o atropelamento, Geovanna deixou o local, mas passou mal e sentou-se na calçada de uma rua próxima. Moradores ameaçaram agredi-la, e policiais militares a retiraram da área. Segundo a PM, ela afirmou informalmente aos agentes que havia tomado antidepressivos, mas disse estar consciente do que fazia.
Levada sob escolta para atendimento médico por conta de ferimentos superficiais no pescoço e nos braços, a jovem apresentou outra versão ao ser atendida no hospital, dizendo que não se lembrava do ocorrido e que fazia uso de remédios contra depressão desde a adolescência.
Prisão e enquadramento criminal
Na delegacia, Geovanna permaneceu em silêncio durante o interrogatório e o indiciamento. A Polícia Civil aguarda o resultado de exames toxicológicos.
Ela foi presa em flagrante e indiciada por homicídio doloso duplamente qualificado — por motivo fútil e por emboscada —, além de lesão corporal na direção de veículo automotor. A Justiça converteu o flagrante em prisão preventiva, e ela está detida na Penitenciária Feminina de Santana, na Zona Norte de São Paulo.
Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, após o atropelamento, Geovanna ainda teria mandado conhecidos irem socorrer Raphael e Joyce, a quem se referiu de forma ofensiva, admitindo que os havia acabado de matar.
A estudante segue à disposição da Justiça enquanto a investigação analisa as mensagens, depoimentos e laudos periciais para esclarecer as circunstâncias e a motivação do crime.