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Monitor de Secas aponta avanço do fenômeno e 68% do Brasil sob estiagem

Boletim da ANA mostra intensificação da seca entre outubro e novembro de 2025 nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, com oito estados totalmente afetados e situação mais grave concentrada no Nordeste

31/12/2025 às 12:13 por Redação Plox

Entre outubro e novembro, a seca avançou sobre o território brasileiro e ficou mais intensa em boa parte do país, de acordo com a última atualização do Monitor de Secas. Houve abrandamento do fenômeno em Acre, Amazonas, Bahia e Paraná, mas em contrapartida a severidade aumentou em 19 estados: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins. No Amapá, Distrito Federal e Santa Catarina, a intensidade permaneceu estável, e o Rio Grande do Sul voltou a registrar seca em novembro.

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

Foto: Divulgação

No recorte regional, o Sul apresentou a condição mais branda em novembro, enquanto o Nordeste teve o quadro mais crítico, com 21% de sua área sob seca extrema. Este é o pior resultado da região desde março de 2019. Entre outubro e novembro, o fenômeno se intensificou no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. No Sul, houve abrandamento, e no Norte a severidade se manteve estável. Já em relação à extensão da área afetada, houve aumento no Centro-Oeste, Sudeste e Sul, enquanto Nordeste e Norte permaneceram com a mesma proporção de território sob seca. No total, a área atingida passou de 59% para 68% do território brasileiro, o equivalente a cerca de 5,7 milhões de km².

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

Foto: Divulgação

Mais estados sob seca e avanço da área afetada

Na comparação entre outubro e novembro, dez estados registraram aumento da área com seca: Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe. O Rio Grande do Sul voltou a ter registro do fenômeno em novembro, após um mês sem seca.

Por outro lado, cinco estados reduziram a área afetada: Acre, Amazonas, Paraná, Rondônia e Santa Catarina. Em outras 11 unidades da Federação – Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Tocantins – a área sob seca permaneceu estável.

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

Foto: Divulgação

Oito unidades da Federação tiveram seca em 100% do território em novembro: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. Nos demais estados com registro do fenômeno, os percentuais de área atingida variaram entre 27% e 94%.

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

Foto: Divulgação

Quando se considera a dimensão territorial de cada estado, o Mato Grosso lidera a área total com seca em novembro, seguido por Amazonas, Minas Gerais, Bahia e Pará.

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

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Centro-Oeste: seca ampla e em intensificação

No Centro-Oeste, a seca se intensificou entre outubro e novembro, com avanço da área afetada em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e manutenção de 100% de área sob seca em Goiás.

No Mato Grosso, a área com seca saltou de 31% para 93%, o maior percentual desde janeiro deste ano, quando o fenômeno alcançou todo o estado. A severidade também aumentou, com o retorno da seca moderada em 8% do território. Ainda assim, o estado registrou a condição mais branda da região em novembro.

Fwd: Seca se intensifica no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste. Fenômeno se abranda no Sul e segue com severidade estável no Norte, segundo Monitor de Secas

Foto: Divulgação

Em Mato Grosso do Sul, a área sob seca passou de 57% para 90%. A intensidade também cresceu, com a seca moderada avançando de 27% para 38% do estado, maior severidade desde abril, quando 40% do território registrava seca moderada.

Em Goiás, a seca se manteve em 100% do território, maior área com o fenômeno desde fevereiro de 2025, quando o estado também estava integralmente sob seca. A severidade aumentou com a seca grave avançando de 5% para 7%. É a pior condição desde novembro de 2024, quando 27% do território goiano tinham seca grave. Com isso, Goiás registrou o quadro mais severo de seca do Centro-Oeste em novembro.

Sudeste: todos os estados sob seca e alta severidade

O Sudeste também viu a seca se intensificar. Em Minas Gerais, a área sob o fenômeno está em 100% do território desde agosto. A severidade piorou entre outubro e novembro, com a seca grave subindo de 26% para 45% e registro anterior de seca extrema em setembro de 2024. O estado teve a maior severidade da região em novembro.

Em São Paulo, a seca também atingiu 100% do território entre agosto e novembro. A intensidade cresceu levemente, com a seca grave aumentando de 36% para 38%, pior quadro desde outubro de 2024, quando 47% do território paulista estavam sob seca grave.

No Rio de Janeiro, a área com seca avançou de 66% para 100% do estado, maior percentual desde março deste ano, quando o fenômeno também cobriu todo o território fluminense. A severidade piorou, com 5% do estado sob seca grave, o pior cenário desde a entrada do Rio de Janeiro no Monitor de Secas, em maio de 2020.

O Espírito Santo teve aumento da área com seca de 68% para 84%, maior percentual desde abril, quando o fenômeno atingiu 100% do estado. Apesar disso, o Espírito Santo registrou o menor percentual de área sob seca no Sudeste em novembro. A severidade também se intensificou, com a seca moderada subindo de 23% para 24%, quadro mais severo desde novembro de 2024, quando 32% do território capixaba estavam sob seca moderada. Mesmo assim, o estado teve a condição mais branda do fenômeno na região em novembro.

Nordeste concentra cenário mais crítico do país

O Nordeste foi a região com a situação mais severa em novembro, com destaque para os estados que registraram secas extrema e grave de forma mais abrangente.

Na Bahia, a área com seca permaneceu em 91%. Houve leve melhora na intensidade, com redução da seca extrema de 33% para 28% do território baiano.

No Ceará, a seca atingiu 100% do território entre outubro e novembro. A severidade aumentou com o retorno da seca grave em 27% do estado, situação que não ocorria desde janeiro de 2024, quando 2% do território cearense registraram esse nível.

No Maranhão, 92% do território permanecem sob seca desde agosto. A severidade piorou entre outubro e novembro, com a seca grave avançando de 69% para 73% do estado. É a condição mais severa desde janeiro de 2018, quando havia seca extrema em 11% do Maranhão.

O Piauí registrou seca em 100% do território entre abril e novembro. É a primeira vez que o estado permanece oito meses consecutivos com toda a área sob o fenômeno desde o período entre março de 2017 e agosto de 2016. A secura se intensificou, com a seca grave passando de 48% para 54% e a seca extrema mantida em 44% do território. Trata-se da maior severidade desde novembro de 2018, quando foi registrada seca excepcional em 1% do estado. O Piauí teve a condição de seca mais severa do Nordeste em novembro.

Na Paraíba, 87% do território registram seca desde maio. A intensidade piorou: a seca extrema voltou a ser observada em 38% do estado, severidade que não ocorria desde fevereiro de 2019. É o pior quadro desde novembro de 2018, quando 43% da Paraíba estavam sob seca extrema.

Em Pernambuco, a área com seca se manteve em 88%. A severidade, porém, aumentou: a seca extrema avançou de 16% para 26% do território, maior gravidade desde março de 2019, quando foi registrada seca excepcional (o nível máximo) em 1% do estado.

No Rio Grande do Norte, a área afetada subiu de 91% para 94%, maior percentual desde julho deste ano, quando 97% do estado estavam sob seca. A intensidade também piorou, com a seca extrema passando a atingir 19% do território, pior condição desde março de 2018, quando 38% do Rio Grande do Norte registraram seca extrema.

Em Alagoas, a área com seca variou de 39% para 40%, o menor percentual entre os estados nordestinos em novembro. Mesmo assim, o fenômeno se intensificou, com a seca moderada crescendo de 6% para 31% do território, pior situação desde maio deste ano, quando 23% do estado registraram seca grave.

Na Paraíba e em Sergipe, os percentuais de área sob seca também chamam atenção. Na Paraíba, 87% do território seguem sob o fenômeno desde maio. Em Sergipe, a área afetada aumentou de 35% para 45%, maior valor desde maio de 2025, quando 69% do estado estavam sob seca. A severidade também se intensificou, com a seca moderada passando a atingir 14% do território, pior quadro desde maio deste ano, quando houve 10% de seca grave. Ainda assim, Sergipe registrou a melhor condição de seca do Nordeste em novembro.

Sul: abrandamento, mas seca retorna ao Rio Grande do Sul

No Sul, houve abrandamento geral da seca entre outubro e novembro, embora o fenômeno continue presente.

No Paraná, a área sob seca recuou de 66% para 45%, menor patamar desde janeiro deste ano, quando 42% do território estavam sob o fenômeno. Ainda assim, o estado teve o maior percentual de área com seca entre os três estados do Sul em novembro. A intensidade também melhorou levemente, com a seca grave caindo de 5% para 3%, melhor quadro desde julho de 2025. Mesmo assim, ainda é a condição mais severa da região no mês.

Em Santa Catarina, a área com seca diminuiu de 55% para 29%, menor percentual desde dezembro de 2024, quando 27% do estado estavam sob o fenômeno. Essa é a menor área sob seca entre os estados do Sul em novembro. A intensidade permaneceu estável, com registro apenas de seca fraca, o que garantiu a Santa Catarina a condição mais branda da região.

No Rio Grande do Sul, a seca voltou a ser registrada em 34% do território em novembro, após um mês sem ocorrência do fenômeno. A severidade, contudo, foi a mais baixa da escala, com registro apenas de seca fraca.

Norte: quadro estável em severidade, mas com áreas críticas

No Norte, a severidade da seca se manteve estável no conjunto da região, mas alguns estados seguem em situação preocupante.

No Amazonas, a área com seca caiu de 55% para 39%, menor valor desde maio de 2023, quando 24% do estado estavam sob o fenômeno. A intensidade também diminuiu levemente, com a seca moderada recuando de 11% para 9% do território.

No Acre, a área afetada recuou de 100% para 88%, menor percentual desde junho deste ano, quando 64% do estado registravam seca. A intensidade também melhorou: a seca moderada caiu de 52% para 12%, melhor condição desde novembro de 2022, quando o Acre passou a integrar o Mapa do Monitor.

No Amapá, a área sob seca avançou de 39% para 62%, maior percentual desde dezembro de 2024, quando 82% do território registravam o fenômeno. A severidade, porém, permaneceu estável, com registro apenas de seca fraca. Com isso, o Amapá teve a condição mais branda de seca na região Norte em novembro.

No Pará, a área com seca subiu de 12% para 31%, maior patamar desde janeiro deste ano, quando todo o estado estava sob o fenômeno. A intensidade também aumentou, com o retorno da seca moderada em 1% do território, pior condição desde janeiro de 2025, quando 25% do Pará estavam sob seca moderada.

Em Rondônia, a área sob seca recuou de 66% para 60%. Apesar da leve redução, a severidade piorou, com a seca moderada avançando de 2% para 18% do estado, pior cenário desde fevereiro deste ano, quando houve seca grave em 8% do território.

Roraima teve aumento da área com seca de 13% para 27%, maior percentual desde janeiro deste ano, quando 36% do estado estavam sob o fenômeno. Ainda assim, trata-se do menor percentual de área com seca entre os estados da região Norte em novembro. A intensidade, no entanto, se agravou, com o retorno da seca moderada em 4% do território, pior quadro desde janeiro de 2025, quando 14% do estado registravam essa severidade.

No Tocantins, a área com seca permaneceu em 100% do território entre agosto e novembro, maior percentual de registro do fenômeno entre os estados do Norte em novembro. A severidade também aumentou: a seca grave avançou de 35% para 45%, pior condição desde outubro de 2024, quando 52% do estado estavam sob esse nível. Além disso, Tocantins teve a maior severidade de seca da região Norte em novembro.

Distrito Federal mantém seca prolongada

No Distrito Federal, a seca cobre 100% do território pelo 19º mês consecutivo. O fenômeno é registrado de forma contínua desde maio de 2024, a maior sequência entre todas as unidades da Federação atualmente. A severidade permanece estável há nove meses, com todo o DF sob seca moderada entre março e novembro.

Situação em outros estados

Na Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas, já detalhados na análise regional, a combinação de alta extensão de área com seca e intensificação da severidade reforça o caráter crítico do cenário nordestino.

No conjunto do país, estados como Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins registram 100% de seus territórios sob seca em novembro, com graus variados de severidade, o que evidencia a abrangência e a persistência do fenômeno.

Como funciona o Monitor de Secas

O Monitor de Secas acompanha de forma contínua o grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores climáticos e nos impactos em curto e longo prazo. Os impactos de curto prazo estão associados a déficits recentes de precipitação, de até seis meses. Acima desse período, os efeitos são considerados de longo prazo.

A ferramenta é utilizada para apoiar o planejamento e a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada pelo site monitordesecas.ana.gov.br ou pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS.

O principal produto do projeto é o Mapa do Monitor, elaborado mensalmente a partir da colaboração dos estados participantes e de uma rede de instituições parceiras, que atuam em diferentes etapas da produção. O mapa permite comparar, mês a mês, a evolução das secas nos 26 estados e no Distrito Federal.

O Monitor de Secas começou em julho de 2014, na Região Nordeste. A expansão para as demais regiões foi iniciada em 2018 e concluída com a entrada do Amapá no mapa de dezembro de 2023, completando a cobertura em todo o território nacional.

A metodologia do Monitor é inspirada nos modelos de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O processo envolve coleta de dados, cálculo de indicadores, elaboração de rascunhos do mapa pela equipe técnica, validação pelos estados participantes e divulgação da versão final. O Mapa do Monitor indica a ausência de seca ou a presença de seca relativa, em que as categorias são estabelecidas com base no histórico de cada região.


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